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Mostrando postagens de julho, 2024

Nhaman Garénon Daigran

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 As cheias das bacias hídricas no norte fluminense - À espera de uma renovação para os Guaitacá - Parte II A Dança dos Surubins     A chuva deu uma trégua no vale do Grande Banani (rio Paraíba do Sul) A tarde caiu e a lua cheia ( tagleman *) ergueu-se acima de um grande corpo d'água. O brilho do nosso amigo Tagleman trouxe os surubins para a superfície da grande inundação de água doce. O cardume dos bagres surubins é um cortejo de grande honra assistido pelo povo da aldeia.     Quem dançará com o surubim- chefe?      Pode um guerreiro enfeitá-lo com plumas*? Será que a brava guerreira Mopí já fez seu pingente verde*?      Vistam-se todos os guerreiros, Mopis e Iacoritós, com seus saiotes de palha e vamos dançar com nossos amigos surubins, pois deixaram o fundo do Grande Banáni para nos saudar e celebrar conosco o período das cheias que se inicia agora.  [Continua] * tagleman, " lua cheia". Clique no link -> Língua Indígena Coroado * "plumas" e "pedras

Dormitório Lacustre Guaitacá

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  Como os Guaitacá construíam seus  dormitórios lacustres - as "choças"*? Os indígenas extraíam a taboa das áreas úmidas - brejos e lagoas, depois colocavam para secar debaixo do sol. Fabricavam cordas com a taboa e/ou com as folhas do tucum. Provavelmente usavam as varas de bambus que são flexiveis para fazer uma armação circular em forma de cone ou semiesférica, na qual trançavam-se as palhas da taboa. A base era construída com vigas de madeira flutuantes. Os goitacás não dormiam sobre redes. O assoalho era coberto por folhas, sobre o qual dormiam. Além da maciez, as folhas (Gabriel Soares de Sousa. Tratado descritivo do Brasil em 1578) regulavam a temperatura do assoalho e mantinha o corpo do indígena aquecido durante uma noite fria na planície. A base da choupana era sustentada "por um só esteio" (Apud Lamego, 1945). Em geral numa área rasa das lagoas. Será que a choupana era coberta pela água na época das cheias das bacias hídricas? Possivelmente não. Uma est

Nhaman Garénon Daigran

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  As cheias das bacias hídricas no norte fluminense - À espera de uma renovação para os Guaitacá - Parte I "O texto a seguir expressa a crença de que os ciclos naturais estão intimamente ligados aos costumes e às alegrias do povo Guaitacá. O tema transcorre sobre transições climáticas e a personificação dos meses primaveris, no hemisfério sul, em figuras humanas indígenas." Será que setembro trará "nhaman" (água; chuva)? Outubro dançará com honras de alegria quando começar o grande "nhaman garénon daigran" (dilúvio, inundação)? Ainda que demore, certamente novembro não ficará desanimado? Dezembro encherá as suas "nhamen-mutly" (tigelas, igaçabas)! As chuvas começam na primavera. É nesse período que o rio Paraíba do Sul, o Grande "Banani", agradece pela honra de receber a chuva. Até então, a campina não vertia lágrimas , estava sedenta, quase sem vida. Os lençóis freáticos alimentavam os corpos d'água que ainda restavam. O céu ce