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Nhaman Garénon Daigran

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 As cheias das bacias hídricas no norte fluminense - À espera de uma renovação para os Guaitacá - Parte II A Dança dos Surubins     A chuva deu uma trégua no vale do Grande Banáni (rio Paraíba do Sul). A tarde caiu e uma super lua (tagleman) ergueu-se no horizonte acima de um grande corpo d'água. Os raios luminosos da lua cheia trouxeram os surubins para a superfície na grande inundação de água doce. O cardume dos bagres surubins é um cortejo de grande honra assistido pelo povo da aldeia. O cacique (tshemim d'yáuna)  perguntou aos guerreiros:  "Quem dançará com o surubim- chefe?".   "Aquele que tiver um coração forte", responderam os guerreiros. Imediatamente um menino desmamado correu para uma choupana onde estava o guerreiro mais velho da aldeia. O menino contou ao velho homem sobre a pergunta do cacique. Então, o bravo guerreiro tirou as plumas do seu colar e pôs nas mãos do menino e disse: "Leve essas plumas para o Tshemim D'yáuna. Você tem u

Dormitório Lacustre Guaitacá

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  Como os Guaitacá construíam seus  dormitórios lacustres - as "choças"*? Os indígenas extraíam a taboa das áreas úmidas - brejos e lagoas, depois colocavam para secar debaixo do sol. Fabricavam cordas com a taboa e/ou com as folhas do tucum. Provavelmente usavam as varas de bambus que são flexiveis para fazer uma armação circular em forma de cone ou semiesférica, na qual trançavam-se as palhas da taboa. A base era construída com vigas de madeira flutuantes. Os goitacás não dormiam sobre redes. O assoalho era coberto por folhas, sobre o qual dormiam. Além da maciez, as folhas (Gabriel Soares de Sousa. Tratado descritivo do Brasil em 1578) regulavam a temperatura do assoalho e mantinha o corpo do indígena aquecido durante uma noite fria na planície. A base da choupana era sustentada "por um só esteio" (Apud Lamego, 1945). Em geral numa área rasa das lagoas. Será que a choupana era coberta pela água na época das cheias das bacias hídricas? Possivelmente não. Uma est

Nhaman Garénon Daigran

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  As cheias das bacias hídricas no norte fluminense - À espera de uma renovação para os Guaitacá - Parte I "O texto a seguir expressa a crença de que os ciclos naturais estão intimamente ligados aos costumes e às alegrias do povo Guaitacá."  Será que setembro trará " nhaman " (água, chuva)? Outubro dançará com honras de alegria quando começar o grande " nhaman garénon daigran " (dilúvio, inundação)? Certamente, ainda que demore, novembro não ficará desanimado. Dezembro encherá as suas " nhamen-mutly " (tigelas, igaçabas)! As chuvas começam na primavera. É nesse período que o rio Paraíba do Sul, o Grande " Banáni "*, agradece a Tupàng** pela honra de receber a chuva. Até então, a campina não vertia lágrimas, estava sedenta, quase sem vida. Os lençóis freáticos alimentavam os corpos d'água que ainda restavam. O céu celebrou, saudou a pomposa chegada das nuvens. Como é lindo ver o Grande Banáni transbordar e as águas fluírem livr

China greyan

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  Tiatà-tà-pana tschi-bay bihuàn Birù montay day tshahé. Itshicáya nowahon machicana teycho cawá chipú day, tshóranrú pourica hé, chipú-te cohan-nón chipú herenma. Oáh Marù heremma tshahé pré day. Erekéma ariná, Marù denma pahan, oáh Marù saten metchá andara. Xutéh entsomun-na! Yá-moeni, Marù herenma entsomun pré pêwa, montay pêwa cohan-nón cûang pêwa. Yatá-oyon condjé hé. Inné mam entsomum opéri càre pêwa, yá-moeni mam tego shy d'yataïma. Tshetenchám ambò pêwa, Marù herenma tatend'já-pa. Itshicáya nowahon ga wà Marù hé! Mam maté-ûan ten, yá-moeni Marù entsomum. Andó de-hon pré day. Um longo caminho Há muito tempo, meus ancestrais viviam nas matas do Peru*. Naquele tempo eles fixavam a atenção nas aves, em muitas espécies. Observavam as pequenas aves e também as maiores. Oáh! [Sim!] Prestavam atenção no grande Marù  (ave carnívora que sobrevoa vales e montanhas). Toda manhã, o grande Marù  afastava-se de seu ninho. Bonito voo! O grande pássaro voava entre montanhas e sobre coli
O resgate da cultura imaterial Goitacá    Dentre os elementos de destaque da cultura imaterial goitacá estarão presentes na aldeia cultural cognominada Aldeia Goitacá:  as saudações pacíficas, a música, a dança de boas-vindas e o idioma da família linguística Coroado (LOUKOTKA, 1937). Na Aldeia Goitacá será feita uma oficina de música indígena onde os  tabritonté  (palavra coroado que significa "dócil", "aquele que aprende com facilidade", "aprendiz") desenvolverão seus talentos musicais. Será realizado um trabalho de paisagem sonora em ambientes naturais na planície aluvial e costeira do norte fluminense com o objetivo de criar instrumentos musicais que representam a natureza sonora da região . Nessa mesma proposta, teremos como referência a música dos povos Jê e Tupi. Temos como referência principal a música e as danças dos Tupinambá, isso porque, segundo o cronista Gabriel Soares de Sousa "esse gentio" (goitacá) tem "muita parte dos cost
  Projeto de Resgate Cultural, Histórico e Sócio-Ambiental: “Aldeia Goitacá" O objetivo deste projeto é resgatar e valorizar as memórias, os hábitos, as práticas, os valores e pensamentos dos antigos Goitacá e seus descendentes ou parentes, promovendo a preservação cultural e ambiental. Cultura Material 1. Cerâmica da Tradição Una:  Reproduzir peças de cerâmica seguindo os achados arqueológicos, destacando formas, padrões e funções. 2. Artesanato – Colares:  Confecção de colares com miçangas, sementes, conchas e vértebras de tubarões (ou materiais similares), inspirados nas escavações arqueológicas no sítio do Caju. 3. Aljava, Arcos e Flechas:  Produção de aljavas, arcos e flechas, replicando os métodos tradicionais de fabricação.  4. Desenhos e Pinturas:  Criar desenhos e pinturas de indígenas entesando o arco, cercando tubarão, nadando em direção às choças lagunares ou saindo delas, etc - todas as ilustrações baseadas nos relatos históricos de Simão de Vasconcelos (1658). Saudaç

Nhãma-rorá Hereu

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      Jombéh, arinta nhamen day lekah tshiméon-goytacá 'rica. Nanetschorehy hâme Rio de Janeiro day, Nhãma-rorá Hereu hé (22°1'58"S 41°20'18"W). Imahon suquenuáma poporta ansehon teign hé rim.                                                                                                                                                                                Tiatâ-tà-pana (dezembro, 1632), Maldonado* cohan-nón hesakin d'jó 'rica doy-mom arinta day Nhãma-rorá Hereu. Yá-moeni uamtschone iah tshiméon 'rica puay-te-ne tecuarashy. "Tatend'já hé! Imahon Nhãma-rorá Hereu", hignbá eschatai tshiméon. Nowahon hépahra paia naran djota cué tá móma thama gray yá-moeni tshite ben teign pêwa uamtshone cachaté. Inné, popauhan capitan papa caple-ricá. Yá-moeni uamtschone regaya mandgira hereu nhãma-rorá, " Lagoa Feia ". Imahon saputen mandgira uamtschone hignbá hohra.  * " Roteiro dos Sete Capitães " pomanwy tapèra day ganden ne